sexta-feira, 13 de janeiro de 2012



Ele era...não sei explicar direito. Tinha um cabelo loiro meio bagunçado que sempre que eu arrumava, ele bagunçava novamente. Um olhar confuso, mas objetivo, os olhos eram pequenos, mas quando estava mentindo eles ficavam maiores. Tinha uma pequena falha no canto superior direito da boca, e eu sempre tirava com a cara dele por causa disso. Os cílios eram muito negros e grandes o que combinava com seus olhos profundamente castanhos daquele anjo caído. Tinha um físico perfeito, nem gordo, nem magro, forte, mas sem muitos músculos. Eu adorava quando me puxava pela cintura na varanda da minha casa para tentarmos dançar valsa, ele dizia que tínhamos que treinar para o nosso casamento, e claro que eu sabia que era ironia, pois ele sempre me zoava quando eu dizia que teria que ser valsa para o casamento. Prometeu trazer Raul Seixas, Renato Russo e Cazuza para cantarem no casamento, e eu irritada com suas gracinhas sempre virava a cara. Mas é incrível como ele sempre conseguia me reconquistar chegando perto de mim, tocando minha pele com delicadeza, com seus dentes brancos e simétricos apertados contra minha bochecha bem leve, depois deixando a pele escapar, formando uma leve e perfeita mordida, e logo depois chegava com a boca perto do meu ouvido e começava: “My girl, my girl...”. Ele sempre soube me domar, desde a primeira vez em que nos vimos, naquele show de bandinha de rock da cidade mesmo. Ele estava com o cabelo completamente bagunçado como sempre, usava um jeans levi’s rasgado no joelho, e uma camiseta do Nirvana já desbotada. E talvez tenha sido isso que me atraiu, esse jeito descuidado e desinteressado dele. Eu sabia que ele não queria apenas saber onde era o banheiro, mas que desculpa mais esfarrapada para puxar assunto com uma garota. Mas eu gostei, e ao mesmo tempo comecei á rir, e ele me acompanhou com sua risada desleixada. Tudo nele era desleixado. E não demorou muito para nos tocarmos e então nos perguntamos um ao outro porque estávamos rindo, e isso nos rendeu mais risada ainda. Ele era tão imperfeito, por isso era perfeito para mim. Logo que paramos de rir, ficamos trocando olhares escondidos. Ele deu o ultimo gole na sua cerveja, jogou fora e se aproximou de mim, ele queria me beijar, mas parecia que não podia passar daquela linha. Ele era misterioso e estranho e eu gostei desse mistério que ele escondia. Estávamos tão perto que dava pra respirar o ar dele. Ficamos um bom tempo apenas nos olhando. Parecia que ele estava esperando que eu dissesse algo... ele queria que eu pedisse pra ele me beijar, caso contrario ele não faria nada. Então de repente ele começou a cantar: “my girl, my girl, don’t lie to me...”. E subitamente as palavras saíram da minha boca pedindo para que me beijasse. E até hoje não lembro de querer dizê-las, eu apenas as disse. E esse foi nosso primeiro beijo.
As vezes sinto falta das manhas dele, das manhãs que eu acordava enrolada no mesmo lençol que ele, completamente protegida pelos seus braços. Sinto falta até das nossas brigas idiotas, nunca brigamos por algo sério realmente. Ah, mas as madrugadas frias e chuvosas é o que eu sinto mais falta. Ele me acordava com jeitinho e logo depois começava a pular em cima de mim, me puxava da cama me fazendo levantar ainda com os olhos pequenos de sono. E ele pegava o cobertor, colocava nas costas, abria os braços segurando na ponta da coberta, e vinha em minha direção gritando: ”Esta chovendo”. E então me enrolava no cobertor junto á ele. Então saiamos La fora na varanda coberta, sentávamos no banco de madeira completamente desconfortável, e ficávamos um abraçado no outro, enrolados na coberta olhando a chuva, e La juntos adormecíamos...
E quando eu acordei, me vi La naquele banco de madeira desconfortável, enrolada na coberta, sem ele. E logo uma lágrima escorreu do olhar quando percebi que eu nunca mais teria ele comigo. Meus olhos decidiram acompanhar a chuva em uma súbita choradeira repleta de soluços. Então apertei os olhos, me encolhi na coberta e ainda chorando resolvi dormir novamente.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Os olhos dela ja não tinham mais brilho, e as rugas ao redor dos olhos reapareceram, os dentes entrelaçados, tremendo para não morder seus próprios lábios. Tudo isso enquanto olhava fixamente para eles, se falando besteira, se mordendo, se irritando, se beijando...
Ainda olhando intensamente para os dois, enfiou a mão no bolso e pegou sua carteira de cigarro amassada, abriu e pegou um. Colocou a carteira no bolso do casaco e colocou o cigarro na boca, com a outra mão que levava também até a boca, um barulho e o fogo apareceu, acendendo aquele cigarro de marca barata. Colocou o esqueiro no bolso, mantendo a mão la dentro, e com a outra mão, que ia e voltava da boca, pegou o cigarro da boca, deixando que o resto da fumaça de sua tragada saísse.
Respirou fundo, ainda olhando para os dois, e somente nesse momento, os olhou com um olhar mortiço, logo depois, voltando ao normal. As rugas ao redor dos olhos saíram, mas seus olhos ainda estavam sem brilho. Tragou mais um pouco, enquanto continuava os olhando, e finalmente jogou seu cigarro mal-fumado no chão, esmagando-o com seu all star estragado, erguendo á cabeça e lançando um ultimo olhar mortiço aos dois. Com as rugas novamente em seus olhos, se virou, e foi.


– Eu esperei tanto tempo por você, eu pensei que iria ficar louco de tanto imaginar como você seria. Eu passei noites em claro imaginando se você iria gostar de mim, se iria ficar chateada com meu jeito de ser. Eu desejei tanto você que parecia doença! E você diz na minha cara que não há equilíbrio nisso: em nós dois? E que equilíbrio há no mundo? – ele gesticulava suas mãos nervosamente – O amor não é uma medida certa, Helena, ele existe, atrapalha todos os nossos planos, desconcerta o mundo, e não se importa se estamos preparados ou não. Ele apenas surge! Eu não quero fazer da minha alma uma balança para medir a quantia certa de amor por você. Eu quero apenas ser isso, ser seu e… Deus, Helena! – ele olhou para cima, respirou fundo, e voltou a me olhar com a súplica nítida em seus olhos que eram as portas do meu paraíso. – E eu achava que isso bastava.
Trecho do romance SOL EM MINHA NOITE - (indomável)


Ela já estava sem forças, cansada. Sim, ela cansou. Cansou da porra do amor, cansou dele, cansou principalmente de resistir á isso. Porque realmente, chega uma hora que agente cansa de tudo. E se entrega. Não quer pensar no futuro, muito menos no passado, não quer pensar nas pessoas ao nosso redor, muito menos na gente. E quando a gente vê, já estamos entregues, sem poder sobre nós mesmos. E aquilo toma conta da gente sem percebermos. E não tem volta. Ela estava cega de amor e por isso andou no caminho que não devia. Quando voltou á enxergar, ela já não sabia mais o caminho de volta.

domingo, 1 de janeiro de 2012


Os olhos fechados, o som da voz de Kurt Cobain ao fundo, estirada em uma cadeira de madeira confortável e velha, lembrando do toque dos braços dele em sua cintura que á faziam delirar. Sem beijos, apenas toque. Era bom, viciante, gostoso. A mão que levava o cigarro á sua boca, tragava e tirava, para depois acontecer tudo de novo, até ele se tornar um toco, e ser jogado fora, pisoteado por ela e por tantas outras pessoas que também passariam por ali.
A musica que ouvia ao fundo, com pequenas desafinações de Kurt, mas que ela adorava. Era uma voz perfeita. Kurt Cobain, o perfeito, imperfeito.  A taça do seu lado com o vinho vencido que eles abriram juntos no ano novo mas que não conseguiram tomar tudo, ela guardou. Saboreava o sabor daquele vinho horrível e barato que ele tinha comprado de ultima hora, para festejarem juntos em sua varanda, se embebedando e tragando vários cigarros durante a madrugada toda. Foi divertido, mas acabou, garota. Esqueça, antes que estrague tudo. E a voz de Kurt continuava enquanto ela perdia a noção da vida...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011




Rapaz tão cheio de vida, que vive a me arrancar palavras caladas. O que tu tens por de traz desta imensa escuridão do seu olhar, onde vivo me perdendo? Daqui mesmo posso ver tua alma , rapaz. Tu és tão transparente juntamente com essa tua escuridão. Não dá pra entender. O que é que tens de tão cativante, rapaz? Me diga, é normal esta nostalgia louca? Fez algo em mim, não sei o que, mas fez. Só fico aqui como boba apaixonada sorrindo em meio de lágrimas que já nem sei se são de tristeza ou alegria. Isto é anormal. Já veio com o manual de como fazer-me apaixonar por ti. Eu já lhe disse, meu rapaz, não bagunce seu canto no meu coração. Quando vier, venha sem palavras e beije-me quando tiver de partir, por favor, sem nenhuma palavra. Me olhe, sorri para mim e depois abaixe a cabeça tentando disfarçar, que eu me derreto, e depois…bom, e depois, me refaço pra sentir isso novamente. E as estrelas estão desaparecendo, mas eu continuo ás contando neste céu escuro e medonho, mas tão…bonito, enquanto tento pensar o que eu acho de tão bonito no meu querido rapaz. É que eu não sei e nem entendo, o coração dispara cada vez mais rápido á cada passo seu á minha direção. E eu nem consigo me agüentar em pé, só de pensar em ti. Vai entender. Será que pode, meu rapaz, me falar qual foi o seu segredo pra me prender tanto á você? Seja qual for, te digo: é infalível. E sabe que eu nem me importo em te amar sozinha? Pois é, sozinha posso ver tanta beleza em nós dois. Posso criar uma perfeita simetria entre eu e você, um amor perfeito, sabe? Você faria alguma gracinha, eu não iria gostar, iria te xingar de tudo que é nome e iria virar as costas para ti. E você, sorrindo, chegaria por traz de mim e falaria no meu ouvido: Desculpa, eu te amo sua boba. Me viraria e me beijaria. E eu sorriria entre teus beijos deliciosos. O começo e o fim seriam similares. Não, não teria fim. Estaríamos juntos, passo a passo para sempre. Que tolice da minha parte, não? Eu vivo imaginando algo possessivo, eu sei. Mas é assim que eu quero, que eu gosto, você sendo meu, e somente meu e eu sendo tua, apenas tua. Não existe nada mais eletrizante do que um toque teu. Pode até parecer loucura para ti, mas para mim é terapia mexer em seu cabelo e bagunçá-lo só pra te irritar e depois te acalmar com um belo beijo. É terapia deitar em teu ombro quando estiver cansada de tanto chorar por ti, mas sem você saber o motivo. Me perdoe, meu querido rapaz, mas é que encontro em ti a perfeita e bela falha que há em mim. Vem participar realmente dos meus sonhos, com teus beijos tão calmos. Venha, pode vim, toca minha maior fraqueza com tuas mãos que me irritam o tempo todo, me chame de linda, meiga e diga que esta comigo á qualquer momento quando eu não estiver em um dos meus melhores dias. Ah, seria tão bom ouvir isso de ti outra vez, rapaz. Você não sabe o quanto seria bom. Que nostalgia mais barata essa, não? Mas eu gosto assim, é disso que eu gostava em ti, em nós. Moço bonito do charme conquistador. Venha comigo para vivermos neste paraíso infernal onde nada pode nos dividir, aqui não somos eu e você. Aqui somos nós. Me diga rapaz, dono do meu coração, pra que sonhar com o amanhã? Se eu apenas posso sonhar com você. Com Nós.

sábado, 14 de maio de 2011

Grande Tristeza



E a grande tristeza tomou conta daquela menina novamente, ela não entendia, uma hora estava feliz, rindo, em outra já estava com aquela grande tristeza tomando conta do seu corpo, do seu ser, da sua alma, tomando conta da pessoa que ela era. Era inexplicável, ela só queria que aquela grande tristeza sumisse de vez para deixar ela ser feliz novamente. Mas era tão difícil, a tempos ela convivia com a grande tristeza, talvez não soubesse mais o que era viver sem ela, sem sofrimento, dor, e especialmente sem pensar nele. Talvez ela mesma estivesse alimentando essa grande tristeza, mas não sabia como parar, ele ensinou ela a fazer isso, por culpa dele, agora ela sofre com a grande tristeza, e vive se perguntando quando que vai poder se sentir livre dela novamente, para poder viver sua própria vida sem pensar nele, viver sem a grande tristeza, sem o sofrimento que ela causa na sua vida. É difícil explicar, pois ela não sabe mais como é viver.